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Mulher que matou e esquartejou executivo da Yoki "está arrependida", diz advogado de defesa

Fernanda Calgaro

Do UOL, em São Paulo

07/06/2012 17h26Atualizada em 07/06/2012 18h36

Elize Matsunaga, 38, que confessou na quarta-feira (6) ter matado e esquartejado o marido, Marcos Kitano Matsunaga, diretor-executivo da Yoki, está arrependida, segundo o seu advogado de defesa, Luciano de Freitas Santoro. A afirmação dele foi feita nesta quarta-feira (7) ao UOL, horas depois de ter conversado com Elize. Ela está na cadeia pública de Itapevi (SP).

“O arrependimento dela é evidente. Ela disse que, se pudesse voltar atrás, não teria puxado o gatilho. Está muito chorosa e preocupada com a filha”, relatou. "Elize perdeu tudo. O crime não teve nenhuma motivação econômica. Com a morte do marido, ela perdeu tudo. Se fôssemos ver, o mais vantajoso era ela se separar e pedir uma pensão, mas ela perdeu a cabeça. "

Santoro afirmou que a jovem não tem conseguido dormir nem se alimentar direito na cadeia, onde ocupa uma cela sozinha.

A decisão sobre quem irá cuidar da filha do casal ainda não foi tomada, mas, segundo Santoro, a intenção é que seja em comum acordo entre as duas famílias, sem precisar brigar na Justiça pela guarda da criança. "Hoje, a menina está sob os cuidados de uma tia da Elize, que já conhece a rotina dela." A reportagem tentou contato com o advogado da família da vítima, Luiz Flávio D' Urso, para confirmar a informação, mas não conseguiu.

Quando o crime ocorreu, a filha dormia no seu quarto. Como o apartamento é grande, com mais de 500 m², a criança não teria notado nada, segundo Santoro.

O advogado informou ainda que estuda quais serão os próximos passos da defesa. "Antes de pedir um habeas corpus, há outras medidas que podem ser tomadas, como o pedido de revogação da prisão temporária, que expira dia 24 de junho, ou da preventiva, caso venha a ser pedida depois. No entanto, no momento, prefiro não falar sobre isso."

Depoimento

Elize depôs nessa quarta (6) durante cerca de oito horas na sede do DHPP. Segundo o delegado Jorge Carrasco, chefe do departamento, ela não contou com a ajuda de outra pessoa para assassinar o marido e deverá responder por homicídio qualificado. O delegado disse não acreditar que houve premeditação.

De acordo com o policial, no depoimento, Elize confessou o crime e disse ter agido sozinha, reafirmando a tese de que o crime foi passional. "O depoimento foi muito convincente", disse o delegado, acrescentando que se ela emocionou nos momentos em que a filha de um ano foi citada e chegou a chorar.

A bacharel em direito e técnica de enfermagem chegou ao DHPP, na região central de São Paulo, por volta das 11h, levada da cadeia de Itapevi, na Grande São Paulo, onde passou a noite. Ela está presa temporariamente desde segunda-feira (4), por determinação judicial. A polícia conseguiu a prorrogação da prisão temporária de Elize por mais 15 dias.

Polícia divulga imagens de câmeras de segurança

Circuito interno do prédio

Imagens das câmeras de segurança do edifício registraram quando o casal chegou ao prédio com a filha de um ano e a babá no dia 19 de maio. Algum tempo depois, a babá e a empregada deixaram o local, e Matsunaga desceu para pegar uma pizza. Foi a última imagem dele vivo. No dia seguinte, Elize foi filmada saindo pela manhã com três malas com rodinhas --nestas malas estariam partes do corpo do empresário, segundo Carrasco. Elize retornou apenas à noite e já sem as malas.

O enterro do empresário aconteceu na terça (5) no cemitério São Paulo, na presença apenas do pai, Mitsuo, e do irmão, Mauro, conforme decisão da família. Alguns poucos funcionários e advogados acompanharam o funeral, que não teve velório.

Reconstituição do crime

Nesta madrugada, a polícia realizou a reconstituição do crime no apartamento do casal, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. O objetivo era confirmar a versão dada pela mulher, em depoimento --o que ocorreu. Ela acompanhou a reconstituição e mostrou aos peritos os locais do assassinato e para onde o corpo foi arrastado.

Ao todo, foram seis horas de trabalhos de policiais e peritos, que usaram um boneco para representar o executivo. Também foi usado um reagente químico que localizou marcas de sangue no apartamento.

O crime

O corpo do empresário foi encontrado esquartejado em diferentes pontos de Cotia, na Grande São Paulo, e em sacos plásticos. Ele estava desaparecido desde o dia 20 de maio. Durante uma operação de busca e apreensão no apartamento onde o casal vivia, na Vila Leopoldina (zona oeste de SP), foram encontrados sacos parecidos.

Segundo o delegado-geral do DHPP (Departamento de Homicídios e proteção à Pessoa), Jorge Carrasco, ontem, após o depoimento de Elize, ela disse que, depois de uma discussão que resultou em uma agressão do marido (um tapa no rosto), ela 'perdeu a cabeça' e deu um tiro no empresário, com uma arma calibre 380. A arma, que havia sido um presente do marido para a mulher, já foi apreendida e será periciada. Pouco antes de ter sido presa, Elize doou à Guarda Civil de Cotia três armas que seriam do casal, entre elas uma pistola calibre 765, que estava sendo apontada como possível arma do crime até o depoimento de hoje. Segundo a polícia, ainda pode haver outras armas espalhadas pelo apartamento do casal, que temia ser vítima de arrastões.